A chegada
de um antirretroviral mais moderno e esperado faz o Brasil se alinhar a outros
países.
Agora é
hora de comemorar, e não é só por conta do carnaval que se aproxima! Nessa
semana, com chegada às farmácias do SUS de um antirretroviral novo chamado
Dolutegravir, para tratamento das pessoas que vivem com HIV, o Brasil vive um
momento marcante na sua história de luta contra a epidemia.
A
recomendação desse medicamento como esquema preferencial para os
recém-diagnosticados faz com que nosso país se alinhe a países como Reino
Unido, Espanha e Estados Unidos – que já o indicam há anos.
No Brasil
já não tínhamos a distribuição gratuita da terapia antirretroviral, capaz de
controlar os sintomas da doença, reduzindo o risco de transmissão do vírus e
fazendo uma pessoa com HIV viver uma vida sossegada e com saúde? A resposta é:
sim. Desde a publicação da Lei 9.313, em 13 de novembro de 1996, o acesso ao
tratamento para o HIV é garantido integralmente pelo SUS. Aliás, do ponto de
vista técnico, o que fazemos hoje para tratar o HIV é exatamente a mesma coisa
que fazíamos em 1996. Associamos antirretrovirais para obter sucesso no
controle eficaz e duradouro da doença. O que mudou nesses últimos 21 anos foram
os medicamentos antirretrovirais utilizados, que se tornaram cada vez melhores,
tanto no número de comprimidos e tomadas diárias, quanto nos seus efeitos
colaterais.
A verdade é
que está ficando cada vez mais fácil tratar o HIV.
A Lei 9.313
dizia também em um parágrafo que, por anos foi ignorado, que o SUS deveria se
atualizar conforme novas opções terapêuticas surgissem, e isso é o que está
acontecendo nesse início de 2017. É esse o motivo para se comemorar. A lei está
sendo cumprida.
O esquema
antirretroviral indicado anteriormente era composto de uma droga que causava,
em muitos pacientes, alterações de sono e humor. Quando isso acontecia, a
adesão aos comprimidos, que é fundamental para o sucesso do tratamento, da
manutenção da saúde e do controle da transmissão do vírus para outras pessoas,
acabava sendo ameaçada. E justamente por isso que, por mais que muitas pessoas
não se queixassem desses sintomas, ou sequer apresentassem qualquer efeito
colateral, o fato de agora dispormos de um tratamento que é melhor tolerado
significa, sim, um avanço imenso no enfrentamento da epidemia e no cuidado das
pessoas que vivem com HIV.
O novo
esquema será composto por 2 comprimidos 1 vez ao dia (1 de Dolutegravir® e 1 de
Tenofovir/Lamivudina) e estará disponível, por enquanto, apenas para quem ainda
vai iniciar terapia antirretroviral. O plano é que em breve se inicie a troca
dos esquemas entre aqueles que já estão usando outro tratamento, desde que seja
possível para o seu tipo de vírus, após discussão com seu infectologista e sem
que isso seja uma obrigação. Aqueles bem adaptados aos esquemas anteriores
poderão se manter neles.
Estamos
entrando numa nova era da história do HIV no Brasil. Uma era em que os efeitos
colaterais do tratamento deixam de ser uma questão assustadora. Uma era em que
as pessoas que vivem com HIV são tratadas com mais atenção e respeito, quando
será mais fácil manter a carga viral indetectável, sem ficar doente nem
transmitir seu vírus por toda a vida.
Vamos
comemorar este avanço, porém sem esquecer que ainda precisamos melhorar muito
em alguns pontos, como no uso do preservativo com parceiros casuais e ainda na
luta contra o preconceito, estigma e discriminação que existe em relação ao
HIV, principal motivo de sofrimento daqueles que enfrentam a doença e de medo
de se testarem entre aqueles que passam por situações de risco de infecção.
Somente com
tudo isso junto e com a Lei 9.313 possibilitando o uso da PrEP com Truvada
entre aqueles com indicação é que poderemos viver num mundo sem medo do HIV.
A TEA e demais templos oficiais filiados estão em campanha constante em prol da assistência plena e absoluta aos irmãos infectados com o vírus HIV bem como o tratamento para a cura definitiva.