A
posição da mulher na Umbanda
Não é recente a ideia de que as mulheres
sofrem exclusões nos vários espaços religiosos existentes. Mulheres que
desejaram ser pastoras, sacerdotisas sempre foram tratadas com desdém como se
esse espaço jamais pertencesse à categoria feminina. O ambiente religioso foi
construído socialmente com a penetrância masculina e as mulheres sempre
margearam esse universo, embora tenham sido fundamentais para a continuidade,
reforço e estímulo de todas as crenças religiosas.
Com as religiões afro-brasileiras a
história sempre foi bastante diferente. Construídas e consolidadas em solo
brasileiro, elas sempre se apresentaram com predominância feminina. Mulheres
sempre tiveram espaço, voz e capacidade de exercer o cargo mais alto de
funções, no caso mães de santo. Não é à tona que é costumeiro dizer que as
religiões afro-brasileiras são, maciçamente de origem matriarcal.
Necessário, todavia, não observarmos o
campo religioso afro-brasileiro de maneira ingênua e totalizante. Ao contrário,
estamos falando de um universo amplo de cosmo-visões e práticas bastante
distintas entre si. Um exemplo é a umbanda esotérica, uma escola afro-brasileira
fundada na década de 1950, cujos alicerces, até então, excluíam as mulheres de
posições hierárquicas mais elevadas. É justamente este grupo que pretendemos
nos debruçar nesse artigo, demonstrando o contexto histórico de sua fundação
(sua estrutura) e a trajetória de transformação a partir da linha sucessória de
pais de santo (dinâmica social) com foco específico às mulheres.
Umbanda
no Brasil
Antes de adentrar na umbanda esotérica
cabe ressaltar características gerais do universo umbandista. Ao falar em
umbanda no Brasil alguns temas são frequentes: mediunismo, entidades
espirituais, misticismo. É possível também associar umbanda a curandeirismo,
feitiçaria, magia e macumba. O que está certo e errado? Existem critérios
seguros de definição de suas características?
Escapam
os parâmetros certo e errado do ponto de vista da fé e da crença particulares a
cada indivíduo. Não cabe dizer a um adepto se sua prática é correta ou não.
Todavia, dentro do que compreendemos como saber acadêmico faz-se necessária uma
contextualização sócio-histórica, definindo características específicas a este
campo.
A umbanda é uma religião afro-brasileira
que se constituiu a partir do encontro com as perspectivas religiosas da matriz
africana, ameríndia e indo-europeia. Agregou elementos das nações jeje, nagô,
bantu, angola, entre tantas outras; recebeu influência da pajelança indígena e
também do catolicismo e do kardecismo. Fez-se, assim, uma nova religião
brasileira, pautada no ajuste das variadas práticas religiosas cultuadas pelas
matrizes supracitadas. Segundo Verger (1999, p. 193), “a umbanda é uma religião
popular tipicamente brasileira, que apresenta um caráter universalista que
engloba principalmente em seu corpo doutrinário cinco influências: africana,
católica, espírita, indígena e orientalista”.
Portanto, ao falar em universo umbandista
estamos recuperando não apenas elementos tipicamente nacionais (como o caso do
índio, caboclo), mas igualmente figuras e elementos de outras regiões. Vamos
observar nos textos acadêmicos a referência de umbanda como religião nacional e
com certeza ela é, mas é importante descriminar que tal composição, ainda que
elaborada em solo nacional, agregou contribuições religiosas e culturais das
mais diversas. A ideia de que a umbanda aceita a tudo e a todos consolidou-se
não apenas no senso comum, mas tornou-se evidente na literatura religiosa e até
acadêmica. Umbanda de todos nós foi a primeira obra de nosso avô de santé, W.W.
da Matta e Silva, médium e sacerdote da umbanda esotérica, que será abordada
nesse artigo. E, coincidentemente (ou não), na década de 60, Maria Stella
Ferreira Levy, defendeu sua dissertação de mestrado na Universidade de
Wisconsin com título The Umbanda is for all of us. Os nomes são os mesmos
(apenas em idiomas distintos) e, embora com conteúdos diferentes, os trabalhos
apresentavam a umbanda com uma religião de caráter universalizante.
Diferentemente do candomblé, por exemplo que na época ainda mantinha um viés
étnico, a umbanda sempre recebeu pessoas das variadas classes sociais, étnicas,
sendo sua própria teologia exemplo dessa amplitude. Sua marca foi, desde
sempre, a inclusão. Não à toa que pesquisadores majoritariamente defendem o
surgimento da umbanda nos meados de 1889 que fervilhavam as mudanças, sociais,
políticas e culturais. Catolicismo, kardecismo, candomblé e outras eram, de
certo modo, religiões forâneas. Já a umbanda se apresentava como a religião
nacional por excelência.
Não é possível demarcar exatamente quando
a umbanda surgiu. Os religiosos dividem-se quanto à origem. Muitos creem que a
umbanda teria sido fundada pelo médium carioca Zélio Fernandino de Moraes em
1908. Outros alegam não ser possível afirmar com exatidão quando a religião
surgiu. A escolha pela figura de Zélio já foi demonstrada academicamente que se
trata de um mito fundante (BROWN, 1985; GIUMBELLI, 2008; RIVAS, 2014). Somos
partícipes da ideia de que não se torna factível estabelecer um marco histórico
para a fundação da umbanda já que ela foi fruto de uma construção coletiva com
múltiplos pertencimentos religiosos.
Mas, o surgimento
da umbanda esotérica...este sim é possível pontuar!
Umbanda
esotérica: quem és afinal?
Woodrow Wilson da Matta e Silva, um
pernambucano portador de uma das mediunidades mais incríveis que o universo
umbandista já conheceu. É assim que era definido o fundador da umbanda
esotérica. Pai Matta, como era conhecido no meio religioso, construiu sua trajetória
de vida alicerçada em sua mediunidade. Vivido nas encantarias do nordeste, por
volta de década de 40 migra para o Rio de Janeiro. Não se sabe ao certo a razão
dessa migração. O fato é que foi essa região que fez de Woodrow Wilson da Matta
e Silva, o expoente e precursor da umbanda esotérica.
Matta e Silva ficou conhecido por ajudar,
via mediunidade, muitas pessoas que acorriam ao seu terreiro. Inicialmente
morava no Rio de Janeiro e depois mudou-se para Itacurussá, cidade que
permaneceu até sua morte. Matta e Silva atendia incorporado mediunicamente quinzenalmente
nas giras públicas. Todavia, atendia diariamente a qualquer um que fosse procurá-lo
com o oráculo de Ifá e, também, com um copo de água, chamado copo da vidência.
Nele, o médium conseguia enxergar muito do destino das pessoas.
Além de suas atividades mediúnicas, Pai
Matta, mesmo com formação escolar apenas até a quarta série do ensino
fundamental (atual quinto ano), ele compôs uma vasta literatura sobre o
assunto. Mas, o que é a umbanda esotérica? Do que ela se diferencia das demais?
A umbanda esotérica, como seu próprio nome
diz, estruturou uma maneira de ver a umbanda cujos fundamentos seriam internos
e diferentes das demais formas de se praticar a umbanda. Ela surge em um
momento histórico social brasileiro em que as contribuições religiosas
europeias eram muito valorizadas.
Na década de 1950 correntes da antroposofia,
maçonaria, hermetismo, e crenças esotéricas cristãs habitavam o universo brasileiro.
Elas chegavam, conquistavam muitas pessoas e apresentavam uma estrutura de
pensamento racionalizada. Especialmente no país colonizado por europeus como
foi o caso brasileiro, as importações culturais e religiosas eram carregadas de
prestígio social.
W.W. da Matta e Silva estrutura uma
doutrina umbandista com pressupostos provenientes desses sistemas religiosos
europeus, abordando, por exemplo, a cabala hebraica em suas obras. Essa umbanda
não deixa de valorizar a figura das entidades espirituais como crianças,
caboclos, pretos-velhos e exus. Ao contrário, todos eles são muito cultuados.
No entanto Matta e Silva compõe sua literatura de forma a elevar a teologia da
umbanda esotérica em contraponto com a umbanda “popular” e com as nações de
candomblé. Tratou-se de uma ocidentalização e embranquecimento da umbanda
(ISAIA, 1999).
Observando atentamente e ouvindo os
dizeres de seu sucessor, Pai Matta fazia a umbanda esotérica para uma
determinada classe social, sedenta por uma forma de cultura religiosa
elitizada. Para as pessoas que o procuravam diariamente ele tinha um fazer
muito mais simples, com linguajar e instrumentos simbólicos ligados às matrizes
africana e indígenas (RIVAS NETO, 2014).
A
mulher na umbanda esotérica praticada por W.W.da Matta e Silva
Durante o período em que praticou a
umbanda esotérica no seu terreiro na região de Itacurussá (RJ), Pai Matta fez a
iniciação de vários mestres de iniciação, médiuns que se elevavam à condição de
pais de santo. Alguns deles abriram seus terreiros outros não. Nesse terreiro havia
mulheres que atendiam mediunicamente nas giras públicas. Algumas delas passaram
por processos iniciáticos, porém, nenhuma delas chegou a ser mestra de
iniciação, com anuência para abrirem seus próprios terreiros e serem mães de
santo. Se quisessem fazê-lo até poderiam, mas jamais alegando que foram
iniciadas para tal por Mestre Yapacani, nome religioso de W.W. da Matta e
Silva.
Para melhor compreensão é digno de nota
que a umbanda esotérica estrutura a caminhada religiosa por meio de graus. O
discípulo vai do primeiro ao sétimo grau. Quando ele alcança o sétimo grau ele finaliza
o primeiro ciclo. Sendo que existem mais dois. Apenas Mestre Yapacani e seu
sucessor F.Rivas Neto tornaram-se, até hoje, mestres de iniciação do sétimo
grau no terceiro ciclo.
Importante pontuar o cenário social pelo
qual passava a sociedade brasileira no que diz respeito ao machismo. Homens
eram responsáveis por prover a família, por trabalhar em ambientes fora de casa,
nos domínios políticos, enfim, na esfera pública. Já às mulheres ficaram
designadas funções domésticas, cuidando da alimentação, faxina e educação dos
filhos. Tratava-se de um apartheid entre homens e mulheres, cada qual com
funções sociais bem delimitadas e, consequentemente, isso era reproduzido nos
vários ambientes religiosos, demarcando diferenças. A biologização da mulher determinava
sua condição histórica e os espaços por onde poderiam (ou não percorrer). Como
afirma a filósofa Ivone Gebara, (É a partir da genitalidade feminina que se
constroem as diferentes simbologias e significados sociais em relação ao corpo
feminino. É a partir da genitalidade que se expressam os processos de
socialização desde o mundo familiar até as crenças religiosas. Portanto, é a
partir dessa realidade biológica culturalizada que é nosso ser sexuado que a
cultura e as diferentes instituições sociais não apenas consideram as mulheres
como seres de segunda categoria, mas organizam a política, a economia, as leis
sociais, a religião de forma a sempre priorizar as iniciativas masculinas e os
valores considerados masculinos. Não se trata aqui de destacar a sexualidade ou
a genitalidade do conjunto da pessoa humana. Trata-se, sim, de denunciar a forma
pela qual o mundo patriarcal nos trata. Diminuem-se nossos direitos, embora se
continue a falar da igualdade de direitos humanos ou da igualdade entre pessoas
humanas. E a partir daí se afirma a nossa diferença para, a partir dela, afirmar-se
a nossa inferioridade nas várias situações e instituições (Gebara, 2006, p.
301).
Pode-se afirmar que a religião como uma
instituição forte e imperante na sociedade brasileira, foi também uma via de
legitimação da dominação masculina em detrimento da visibilidade feminina. O
que Gebara denuncia é, em grande medida, de uma construção teológica essencialmente
cristã. É possível observar, por exemplo, a maneira como se posicionavam Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino, ambos pensadores com grande expressividade no
corpo e doutrina teológica cristã: (Para eles, a mulher foi criada como
“auxílio” exclusivo para a geração, “porque, para qualquer outra função, o
homem pode ser ajudado melhor por outro homem do que pela mulher (Tomas, I,
92,1). [...] São Tomás aceita a interpretação de Aristóteles, segundo a qual se
trata da conjunção de uma virtude ativa masculina e uma potência feminina
passiva. (BELLO, 2011, p. 21)
A mulher representaria, dessa forma, uma
essência passiva. Caberia ao homem ações determinantes, decisões e atuações nas
várias esferas sociais públicas. A religião era uma delas e a umbanda esotérica
vai reproduzir esse discurso por meio de suas obras. A literatura e prática
religiosa da umbanda esotérica evidenciaram os limites definidos para as
mulheres ou, em outras palavras, por quais espaços elas podiam transitar e até
onde podiam chegar.
Na obra Umbanda e o poder da mediunidade,
Pai Matta problematiza: (em nenhuma religião do mundo, sistema de iniciação ou
escola esotérica ou mesmo na mais simples das seitas que possam existir, a
mulher participa na função, ou com direito ou outorga de consagrar, sagrar,
sacramentar, batizar, preparar, iniciar varões (homens) (SILVA, 2011, p.151 ).
As influências europeias que permeavam a
sociedade brasileira foram decisivas na composição do que viria a ser chamado
de umbanda esotérica. Ideias positivistas, teorias racistas com viés científico
e uma clara segregação entre papeis sexuais na divisão de trabalho aparecem, evidentes,
na obra de Matta e Silva. O autor procurou, igualmente, fazer uso de dados
científicos para legitimar e dar autoridade às suas obras, como é o caso de
apresentar nomes e funções de glândulas com vistas a restringir a função da
mulher no terreiro: (Você não sabe que a mulher não tem a próstata (uma
glândula seminal, própria do sexo masculino), de poder criador e de função
indispensável no kundalini (o fogo serpentino dos hindus, ou seja, a energia
sexual criadora que fecunda a matriz ou o seio, o mesmo que os órgãos de
fecundação da mulher)? (SILVA, 2011, p. 154).
Um outro dado fundamental é o fato de ele
frisar a diferença da umbanda esotérica com outras religiões afro-brasileiras
tais como a pajelança, a jurema e o candomblé. Especialmente a crítica
endereçada a este último é bastante forte. Como é sabido, o candomblé desde sempre
se apresentou como uma religião majoritariamente liderada por mulheres e cujas
contribuições provinham de variadas culturas africanas. Assim, o candomblé
tinha dois elementos-chave para os quais a umbanda esotérica, por seu viés
cristão e elitista, deveria se opor: a mulher e o negro.
Em 1988, Pai Matta decide passar o comanda
de sua raiz para seu sucessor, F. Rivas Neto. Em 1989, Pai Matta falece e,
desde então a umbanda esotérica vem sofrendo por uma série de ratificações e retificações.
A
mulher na umbanda esotérica praticada por F. Rivas Neto
A partir de
1989, Pai Rivas ou Mestre Arhapiagha como é conhecido neste universo da umbanda
assume a sucessão e inicia uma série de modificações na umbanda esotérica.
Tais mudanças, entretanto, foram
paulatinas. Assim como Matta e Silva, Pai Rivas também possui vasta literatura.
A diferença entre os dois e que nos parece fundamental foi que o segundo
iniciou sua vida religiosa no candomblé e nas encantarias para, posteriormente,
seguir para a umbanda. Assim, desde cedo conviveu com práticas do candomblé,
heranças africanas e composições e estrutura organizacional do terreiro de
forma bastante diferenciada da umbanda em geral.
Pai Rivas foi iniciado no candomblé aos
cinco anos pelo babalawô Pai Ernesto de Xangô Ayrá, este filho de santo da
tradicional Casa Branca do Engenho Velho e o famoso babalawô Martiniano do
Bonfim o recebia como um discípulo e o ensinou muito da tradição de Ifá. Por questões
familiares, F. Rivas Neto teve de se afastar da roça de seu tio Ernesto de
Xangô e continuou nas religiões afro-brasileiras. Aos dezoito anos teve seu
terreiro trabalhando mediunicamente na umbanda.
Muitos poderiam questionar o que teria
levado Pai Rivas a procurar Pai Matta, já que era pai de santo há muito tempo,
com bastante filhos e filhas espirituais. A afinidade entre os dois deu-se, inicialmente
por conta das pembas riscadas. Pai Rivas se deparou com um livro e viu que nele
havia muitos sinais riscados que se assemelhavam com os que as entidades
espirituais atuantes em seu mediunismo riscavam no terreiro.
A amizade e lealdade entre pai e filho de
santo durou dezoito anos. Desde então, como mencionado acima, as ratificações e
retificações vem sendo propostas.
As ratificações dizem respeito, por
exemplo, dos cuidados com o mediunismo, de trabalhar com honestidade para o
próximo e muitos outros elementos dedicados especialmente à magia umbandista. Já
as retificações são várias. Neste texto o foco de atenção é com o papel das
mulheres. As mulheres, na primeira fase da umbanda esotérica eram apartadas das
funções mais elevadas do terreiro, destinadas a permanecer em um espaço
restrito e, simbólica e fisicamente, diminuídas e inferiorizadas. Com a
transmissão da raiz e o processo sucessório, Pai Rivas modifica drasticamente
essa situação.
Se na época de Matta e Silva imperavam
ideologias e práticas do patriarcado, assegurando a dominação masculina e sua
superioridade, Pai Rivas incorpora em sua prática religiosa as discussões e
debates sobre gênero realizadas por movimentos feministas e por acadêmicos.
Essa atitude foi vista por muitos
religiosos e praticantes da umbanda esotérica como um desvio de sua prática
original, tradicional. O que Pai Rivas demonstra, no entanto, é a capacidade de
apresentar e praticar a religião com seus fundamentos específicos (estrutura religiosa),
porém, com a plasticidade de os adequá-los à realidade vigente (dinâmica
social). Ele iniciou várias mulheres em variados graus e elevou algumas delas a
mestras de iniciação, algo jamais pensado para este universo religioso
específico.
Uma ideia presente no discurso religioso é
que a tradição é impermeável a mudanças e, por isso, as práticas devem ser
realizadas tal como se fazia “no passado”. Há uso do recuo espaço-temporal e a busca
incessante de reproduzir no presente o que estava no passado no estado
“original”. O fato é que essa busca é ilusória e como afirma Giddens (2000), as
tradições sempre foram inventadas, mesmo pelas sociedades intituladas de
„tradicionais‟. Todas as tradições
religiosas podem ser alteradas, recriadas na dependência da dinâmica social.
Isso não significa que não exista, por exemplo, uma estrutura religiosa. Ao contrário,
há uma estrutura religiosa, mas que é pérvia às modificações impostas pela
dinâmica social. Estrutura e dinâmica religiosa estão, portanto, em uma relação
simbiótica e uma reconfigura a outra.
“A persistência ao longo do tempo não é
característica chave que define a tradição, ou seu primo mais difuso, o
costume. As características distintivas da tradição são o ritual e a repetição”
(Giddens, 2000, p. 51). Nessa mesma posição Rivera (2000, p. 91) argumenta que
(Os grupos religiosos são tradicionais por natureza. Para se manter fiel às
suas origens, o grupo religioso precisa construir a sua ilusão de não mudança.
No mínimo precisa manter a ilusão de que ele não muda enquanto tudo em torno
dele muda. A ilusão de não mudança (...) é indispensável para a sobrevivência e
para a identidade do grupo religioso). Pai Rivas
rompe com a ilusão da estaticidade e procura adequar a prática da umbanda
esotérica ao que a sociedade atual pede em questão de direitos e justiça de
gênero entendendo que essa reflexão exige estabelecer uma relação que abarca a
forma como a sociedade é estruturada, seja no âmbito político, econômico ou
cultural nos diferentes períodos históricos. É pensar a condição e a opressão
vivida pelas mulheres, sejam elas objetivas ou subjetivas, é pensar as relações
sociais em toda a sua complexidade (Rivas, 2013, p. 51).
Considerações
Finais
Esse artigo
teve por objetivo apresentar as mudanças no papel e inserção das mulheres nas
fases da umbanda esotérica. Essa escola de umbanda, em sua fundação, teve como
principal sustentáculo as ideias e ética da religiosidade cristã, estabelecendo
limites para os papeis e funções de gênero. À época em que foi erigida no Rio
de Janeiro, o Brasil ainda recebia maciçamente as ideologias europeias, discursos
e práticas religiosas sustentadas por cunho cientificista. Todo este aparato
foi incorporado na práxis e literatura produzida por W.W.da Matta e Silva. Já
na última década do século XX e primeiras do século XXI, Pai Rivas, sucessor
legítimo desta escola, elabora uma série de retificações com relação à figura
feminina, elevando-as ao posto mais alto, como mestras de iniciação. Dessa
forma, discutimos, a partir da trajetória de linha sucessória, observar as
noções de estrutura e mudança religiosa com ênfase na posição da mulher.
Nossa
querida, iluminada e abençoada TEA desde sua fundação através das Ordens e
Direitos de Trabalho adquiridos a mais de 36 anos sempre destacou a presença da
mulher na assistência até a nossa areia sagrada, pois são delas que nascem a
vida, o Amor Universal, a força do Eterno Feminino que dá o equilíbrio ao
Eterno Masculino. Uma médium feminina bem como cambonas ou auxiliares são
Diamantes de Luz numa gira de axé. É o amor universal de Mãe Yemanjá, a garra e
tenicidade de Mãe Yansã, a doçura e beleza de Mãe Oxum, a força da guerreira de
Mãe Obá, a sabedoria e a proteção de Mãe Nanã, a paz e a luz de Mãe Oduduá, a força da cura de Mãe
Ossaim. Infelizmente algumas pseudas irmãs infectadas pelo mal do ego doentio
ultrapassam certos limites, regras e ordens e querem ser mais do que são.
Algumas insistiam em trabalhar menstruadas na corrente e fazer trabalhos de
alta magia sem as devidas Ordens e de Direitos de Trabalho ao ponto de surtarem
em dizer que não precisavam de Pai de Santé, Terreiro ou Ritual. O que estavam
fazendo aqui afinal?. Salve as famosas Yabas e Mães de Terreiro do santo
Rebolado dos cultos afro-brasileiros. Foram sumariamente banidas e estão por ai
a cometer suas loucuras, vaidades e afins. Só nos resta lamentar à suas vítimas
a oferecer suas inocentes cabecinhas/coroas a tais amebas párias de magas
negras do reino do bruxedo. A quem queira interessar temos uma lista dos seus
atos incautos bem como vítimas em nossa casa. Basta fazer contato que temos a
honra de divulgar e inúmerar tais aberrações. Orai, vigiai e denunciai em todos
os sentidos.
Salve a
verdadeira Raiz de Guiné!!!
Salve a
verdadeira Umbanda!!!
Salve nossa
Raiz sagrada!!!
Salve nosso
Pai Yorimá!!!Pakasha!!!
Salve nossa
Mãe Yemanjá!!! Haba!!!
Salve nosso
Pai Xangô !!!Uarada!!!
Salve nosso
Pai Yori!!! Zaiatza!!!
Salve nosso
Pai Ogum!!! Eamaka!!!
Somos o que
há para alegria, agradecimentos, lealdade e transparência de muitos e inveja,
desacerto, desvio, desespero de poucos..bem poucos...
Falem bem,
falem mal, mas falem de nós...