A história do surgimento da umbanda, que começou a ser escrita numa casa centenária na Rua Floriano Peixoto, em Neves, São Gonçalo, está reduzida a escombros. O antigo terreiro de Zélio de Moraes, que abrigou as primeiras sessões da única manifestação religiosa 100% brasileira, em 1908, começou a ser destruído nesta segunda-feira. O berço da religião poderia ter sido salvo por um decreto da prefeita Aparecida Panisset — que é evangélica. Mas a prefeitura deixou que o imóvel fosse degradado pelo tempo, vendido e, finalmente, posto abaixo.
A fachada e a parte lateral do imóvel já foram derrubadas. A casa deve ser totalmente demolida até sexta-feira, segundo o mestre de obras Gilson Derbui, de 54 anos. Ele coordena a equipe de oito trabalhadores, entre pedreiros e ajudantes, que trabalha há quatro meses na obra.
— Essa casa está em ruínas. A madeira está cheia de cupim, e poderia ocorrer um desabamento a qualquer momento — afirma.
O terreno, que pertencia à família do fundador da umbanda, foi vendido no fim de 2010 ao militar Wanderley da Silva, de 65 anos, que irá transformar o local numa loja de alumínio. O novo proprietário não foi encontrado.
As paredes da sala, que já serviram de abrigo às manifestações religiosas, exibem contas de material de construção, rabiscadas a lápis pelos pedreiros que trabalham lá. Um dos quartos virou depósito, com sacos de cimento empilhados. Na área, um fogão aquece a marmita, o café e a comida para o cachorro Leão, que protege a obra nas madrugadas.
Até a reportagem do último domingo do EXTRA, o berço da umbanda era um patrimônio desconhecido por moradores e pedreiros.
— Fui criado aqui e nunca ouvi falar disso — garante o comerciante Antonio Almeida Ferreira, de 43 anos, que mora em frente ao local desde a infância.
O pedreiro Edno Correia da Silva, o Neneco, de 48 anos, é umbandista. E se supreende quando é informado que estava colocando abaixo o local onde a sua religião foi criada:
— Cheguei a me arrepiar.
OBS.: A antiga TUO de Itacurussá, também foi demolida e nem o que se dizia responsável pelo seguimento da Raiz, se prontificou a manter vivo o santuário de W.W da Matta & Silva. Vendo nos dias hoje as inúmeras atrocidades feitas pelo mesmo, não é muito díficil de se chegar a conclusão que todos os relatos, documentos e provas de uma época dourada fossem deletados, esquecidos e perpetuados em dizer que se faz hoje é uma Umbanda de Síntese ou o Festival da Diversidade, onde todos os caminhos levam ao ego dele mesmo.
É o mal dos Umbandistas da atualidade que mais se preocupam em denegrir a imagem alheia do que propagar a união, a fraternidade e o amor que tantos nossos guias pregam nos raros santuários da verdadeira Raiz de Guiné.
Se W.W. da Matta & Silva fosse vivo jamais permitiria tamanha violência ou deturpação do Ritual da Raiz de Guiné e muito menos ter seu nome/obras/legado ser colocado nessa cova do baixo mundo astral dessa Umbanda da atualidade.
"Um País sem mémoria é um Pais sem futuro"!
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