SANTA MARIA É UM EXEMPLO DE KARMA COLETIVO?
É interessante como funciona a lei de causa e efeito, ou lei do karma. Depois da tragédia que ocorreu na Boate Kiss de Santa Maria, o Brasil inteiro se comoveu com essa terrível catástrofe. A imprensa, como sempre, tem feito uma cobertura sensacionalista do ocorrido, regrada de muita emoção, de muito julgamento precipitado e de poucas propostas de mudanças estruturais. A tragédia conta, até agora, com nada mais nada menos do que 241 mortes e 131 feridos, e já é considerada a segunda maior catástrofe do gênero da História brasileira.
Enquanto a imprensa e a população indignada tenta encontrar culpados para a morte desses jovens, paralelamente há uma série de características e eventos que vem surgindo e que merecem nossa atenção. O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung estudou um fenômeno que ele mesmo cunhou de “sincronicidade”, que são acontecimentos cuja relação não ocorrem por um nexo causal, mas sim por um laço de significados. Para os leigos, sincronicidade são coincidências dignas de nota, e que podem representar um profundo significado em nossa vida. Os antigos chamavam essas sincronicidades de “sinais”. Vejamos algumas coincidências muito interessantes sobre esse evento.
Talvez o mais curioso de tudo, seja a semelhança entre o gás utilizado por nazistas na segundo guerra mundial e a tragédia em Santa Maria. Segundo especialistas, a queima dos materiais usados para isolamento acústico na boate produziu um gás chamado de Cianeto. O Cianeto é o mesmo gás utilizado pelos nazistas nas câmaras de gás do Holocausto. Esse gás foi encontrado junto com a fuligem e o monóxido de carbono dentro da Kiss após o incidente. Isso nos leva a conclusão de que o gás cianeto, utilizado contra os judeus, ciganos e homossexuais na segunda guerra nas câmaras de gás, foi o mesmo gás que matou os jovens na Boate Kiss. Coincidência? Talvez sim… esse evento por si só pode não demonstrar muita coisa. Mas vejamos outras coincidências.
O acidente na boate Kiss ocorreu no dia 27 de janeiro, como todos sabem. O que a maioria das pessoas não sabe é o que essa data de 27 de janeiro representa para a ONU (Organização das Nações Unidas). Sabe-se que milhões de judeus morreram durante o holocausto da segunda guerra mundial. Para que essa atrocidade não fosse esquecida, e servisse de reflexão para as gerações futuras, a ONU escolheu uma data que seria a data de memória das vítimas do holocausto. Que data é esta? A mesma data que ocorreu a morte na boate kiss, dia 27 de janeiro. Será mais uma coincidência? Juntando as duas coincidências, algumas pessoas já podem desconfiar que são coincidências demais para que consideremos isso algo proveniente do mero acaso. Mas vejamos ainda outras coincidências.
Baseado no relato de algumas pessoas que estavam presentes no dia da tragédia e viram como tudo ocorreu, o fogo começou com os sinalizadores, utilizados pela banda que tocava na boate kiss. Os sinalizadores fizeram as faíscas chegarem até a parte de cima da boate, e ao chegarem no teto, começaram a queima-lo e espalhar uma densa camada de fumaça tóxica. Então, segundo relatos, o fogo teria se iniciado na parte de cima da boate, no teto. Nas câmaras de gás dos nazistas, o gás venenoso, o cianeto, também vinha da parte de cima, e se espalhava por toda a câmara. As pessoas entravam em desespero e muitas se pisoteavam, se machucavam e morriam. Mais uma coincidência. Vejamos mais uma.
Além de ter sido o mesmo gás usado pelos nazistas, a mesma causa de morte na boate Kiss não foi o fogo, mas a fumaça tóxica. Apesar de ter sido um incêndio dentro de um local fechado, o fogo não oferecia ali qualquer perigo, tanto que o espaço queimado não foi considerado muito grande. Foi mesmo o gás tóxico liberado que, ao ser inalado pelas pessoas, causou-lhes a morte. A mesma morte das vítimas das câmaras do holocausto, que também morreram pela inalação do gás.
Outra semelhança diz respeito ao local em que a tragédia se desenrolou. A Boate Kiss era um local quase que fechado. Estima-se uma quantidade de quase 1000 pessoas lá dentro. Havia apenas uma porta de saída. As pessoas que tentaram deixar o local, ao se depararem com o fogo e a fumaça, não conseguiram sair, pois o lugar inteiro estava fechado, tal como uma câmara. Devido à quantidade de pessoas presentes, houve muito tumulto, empurra-empurra, pessoas passando por cima umas das outras e pisoteando quem encontravam pela frente, tudo numa tentativa desesperada de deixar logo o local para conseguirem sobreviver.
Outra questão interessante é toda essa tragédia ter acontecido no Sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, um local que, como se sabe, recebeu uma grande quantidade de imigrantes alemães desde o século XIX até a metade do século XX. A imigração alemã no Sul foi muito expressiva, e os locais onde ela foi mais intensa foram Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.
Nesse ponto é preciso esclarecer melhor o que é o karma coletivo. O karma coletivo é a acumulação de karma (contingência da lei de causa e efeito) de um grupo maior ou menor de indivíduos, que pode abranger duas pessoas, uma família, uma cidade, um país e mesmo todo o planeta Terra. Em outras palavras, não existe apenas o karma individual, mas também o karma coletivo, composto pelas relações e laços kármicos entre um grupamento de pessoas; dezenas, centenas, milhares, milhões e até mesmo bilhões de indivíduos. Cada um de nós possui um karma individual, e também um karma de grupo, que só existe em associação com outros indivíduos com a mesma base kármica.
O que começa a circular no meio espírita e espiritualista brasileiro é a possibilidade das vítimas da Boate Kiss terem passado por uma situação de retorno ou de manifestação de um karma coletivo. Segundo alguns espíritas e espiritualistas, o karma coletivo pode se expressar num grupo de pessoas, levando-os a se confrontar com as mesmas ações e consequências, ou ações e consequências semelhantes, a que fizeram outros passarem em outras existências físicas, ou vidas passadas. Essas coincidências que expomos deixaram alguns espíritas bastante surpresos e os fizeram ao menos cogitar a possibilidade de se tratar mesmo de um karma coletivo, ou o retorno da lei de causa e efeito.
Na minha opinião, não se pode afirmar que isso seja mesmo verdade. Algumas vezes as coincidências são apenas isso, coincidências. Neste caso há, sem dúvida, um número considerável de coincidências, que podem mesmo nos levar a acreditar num desastre provocado pelo karma coletivo.
Pode ser que sim ou pode ser que não. Encerro esse artigo sem fazer qualquer tipo de afirmação nesse sentido, e deixo a cargo dos leitores a decisão do que acreditar. Cada pessoa deve tirar suas próprias conclusões a respeito. Só gostaria de deixar registrado aqui que neste momento de grande sofrimento devemos ter todo o respeito com as famílias das vítimas em sua dor e desespero, e a sociedade precisa estender-lhes a mão o quanto for necessário. Todo cidadão brasileiro deve agora lutar para que tragédias como essa sejam evitadas, e que não mais se repitam no futuro. Para tanto, vamos agir com menos emoção, e com ações e projetos mais efetivos, menos emocionais e mais estruturais. Vamos olhar não apenas para onde a mídia aponta, mas principalmente para onde é necessário