A Páscoa
simboliza a capacidade que o ser humano possui de renascer e de renovar-se a
cada ciclo do tempo. Esta capacidade esta associada à condição de libertar-se
de tudo o que é velho e abrir-se para o novo. Na simbologia cósmica, significa
o renascimento da Terra em sua força de fertilidade ( primavera) após um
período de morte (inverno). Os eventos sazonais referem-se ao hemisfério Norte
e são adaptados ao hemisfério Sul.
Conforme a história, a Páscoa existe em muitas tradições e culturas e data de
bem antes da era cristã. A Páscoa, nas antigas culturas e para os povos que
ainda seguem esta tradição, simboliza o rito da fertilidade da Terra, o
redespertar da vida e da natureza. Esta energia ou força que surge nesta época
foi personalizada na figura de uma mulher, a Deusa, uma vez que as antigas
religiões eram essencialmente matriarcais.
Estas Deusas, símbolos da energia de renascimento e fertilidade, diferenciam-se
conforme a cultura de cada povo. Temos assim, Astarte (Fenícia), Kali (hindu),
Hathor (egípcia), Afrodite (grega), Perséfone, Ashtoreth (judaico-cristã).
Todas estas divindades estão relacionadas à lua nova e a nova vida, assim como
a vida após a morte e a morte após a vida no eterno ciclo de morrer para
renascer. A alegoria ao renascimento refere-se a esta vida num processo pessoal
para cada ser e estende-se metaforicamente para o processo de morte e renascimento
em outras esferas de evolução (outros mundos).
Na cultura Celta, os rituais sazonais são denominados de Sabbats. A Páscoa, é o
Sabbat de Ostara. Oster é a Deusa da Fertilidade também denominada de Eostre.
Em algumas tradições celtas, as deidades da fertilidade reverenciadas nesse dia
são a Deusa das Plantas e o Senhor das Matas. Como ocorreu com a maioria dos
antigos festivais pagãos, o equinócio da primavera foi também cristianizado e
adaptado pela igreja tornando-se o que conhecemos por Páscoa. A Páscoa cristã
celebra o mito da ressurreição do Cristo.
A Páscoa (em
inglês Easter, nome derivado da deidade, Eostre) só recebeu oficialmente esse
nome após o fim da Idade Média.
A Páscoa nos rituais Celtas - Ostara
Sabbat do Equinócio de Primavera
Ostara é o festival em homenagem á Deusa Oster, Senhora da Fertilidade, cujo
símbolo é o coelho. Foi desse antigo festival que teve origem a Páscoa. Nesse
dia sagrado, os antigos acendiam fogueiras ao nascer do sol, tocavam sinos e
decoravam ovos cozidos. Este antigo costume pagão associado á Deusa da
fertilidade ainda é praticado por todos os adeptos desta cultura. Por isso os
ovos, símbolos de fertilidade e da reprodução, eram usados nos antigos ritos da
fertilidade. Pintados com vários símbolos mágicos eram lançados ao fogo como
oferenda á Deusa. Em certas partes do mundo pintavam–se os ovos com cores do
equinócio da primavera, como de amarelo ou dourado (cores solares sagradas),
utilizando-se para honrar ao Deus Sol.
Nos países de origem Celta, nesta época do ano, a Deusa Oster ou Eostre é
lembrada e honrada com festivais que incluem flores, cores vivas, ovos e
lebres. As flores e as cores vivas representam a primavera; os ovos representam
a possibilidade de uma nova vida; os rituais são feitos em homenagem à Mãe
Natureza, que mais uma vez fertilizará seus campos e nutrirá os homens que
vivem sobre o seu leito; e a lebre branca é o animal sagrado dedicado à Lua,
que simboliza a fertilidade e a Deusa.
Lebre, o
animal sagrado da Deusa Eostre
Deusa Eostre, deusa saxônica da fertilidade que segura um ovo nas mãos e tem um
coelho aos seus pés ( ou no colo como na representação acima).
A Lebre da Páscoa (e não o Coelho) era o animal sagrado da deusa teutônica da
Primavera, Eostre, a deusa lunar que dava fertilidade à terra e tinha cabeça de
Lebre. A palavra inglesa para Páscoa,* Easter, provém do nome da deusa Eostre,
também designada Ostara ou Eostar. O dia do culto de Eostre, a Páscoa (Easter),
que ainda é praticado pelos seguidores da tradição celta, é no primeiro Domingo
depois da primeira Lua Cheia, após o equinócio da Primavera ( hemisfério
norte), ocorrendo entre os dias 19 e 22 de Março.
A Lebre, sendo o símbolo da Lua, associa-se à Páscoa porque a Lua é utilizada
para determinar a data da Páscoa. Os católicos, através do Concílio de Nicéia
em 325 fixaram o dia de Páscoa no primeiro Domingo depois da Lua Cheia, a
partir de 21 de Março.
A simbologia
cósmica do Ovo
O Ovo é o símbolo da imortalidade, da ressurreição e da abundância da vida que
é manifesta na Primavera. É o símbolo perfeito do Universo entre os Chineses,
os Egípcios, os Gregos, os Romanos, os Persas e outros povos. Os antigos
Egípcios, Chineses, Gregos, Persas e Romanos trocavam ovos na Primavera,
estação onde todos os seres da natureza renasciam após o Inverno, em homenagens
e oferendas aos deuses da fertilidade. Na tradição teutônica, os druídas
pintavam os ovos de vermelho escarlate em honra do deus-Sol e os
anglo-saxônicos ofereciam ovos coloridos à deusa Eostre. Muitos países do Leste
Europeu como a Ucrânia, a Polônia, a Macedônia, a Rússia, a Bulgária e outros
têm como tradição pintar ovos durante o período da Páscoa. Na Igreja Ortodoxa
Russa os ovos são abençoados na igreja durante o período da Páscoa e são um
componente especial na refeição da manhã do dia de Páscoa. Também nos países
nórdicos, bem como na Alemanha, na Inglaterra, na Holanda e em França as
crianças vão de porta em porta pedindo ovos da Páscoa.Esta prática foi-se
generalizando por todos os países de tradição católica.
Ovos decorados - A arte do Pysanky de origem ucraniana
Um costume Ucraniano muito antigo chamado "pysanky" ainda hoje é
usado na Páscoa. A arte do Pysanky é a técnica usada para decorar ovos de aves
com cores e símbolos. As cores e os símbolos estão relacionados ao desejo da
pessoa que o criou. Ou seja, um ovo é
pintado e decorado com os desejos de uma pessoa ao ofertá-lo a uma outra. Mas é
preciso usar símbolos, e não palavras e frases.
Reinterpretação
Cristã dos mitos ancestrais
O Ovo da Páscoa é reinterpretado pelo Cristianismo representando a ressurreição
da Vida em Cristo. O Ovo simbolizará, assim, o sepulcro de onde Cristo
ressuscitou. Este símbolo está presente em muitas lendas relacionadas com a
Morte e Ressurreição de Cristo. A tradição católica polaca conta duas lendas
sobre este tema. Uma diz que Maria, a mãe de Jesus, ofereceu ovos aos soldados
que levavam Jesus pedindo-lhes que fossem menos cruéis. As suas lágrimas ao
caírem nos ovos pintaram-nos de cores brilhantes. Outra lenda conta que Maria
Madalena foi ao sepulcro para untar o corpo de Jesus, tendo levado com ela uma
cesta de ovos para lhe servir de alimento. Quando chegou ao sepulcro e destapou
a cesta, as cascas brancas dos ovos transformaram-se miraculosamente num
resplandecente arco-íris.
A tradição
católica adotou também a Lebre Branca como símbolo da pureza e da fé. Os seus
olhos permanentemente abertos e atentos simbolizam a vigilância contra a
tentação e o pecado. A Virgem Maria é, por vezes, representada com uma Lebre
Branca à seus pés. Quanto à Lebre como símbolo da esperança e da fé, há uma
lenda cristã que conta que uma jovem lebre esperou ansiosamente, durante três
dias, que o seu amigo Jesus voltasse ao Jardim de Gethsemane, preocupada que
estava com o que lhe poderia ter acontecido. Pela manhã cedo do dia de Páscoa,
Jesus voltou ao seu jardim favorito e foi alegremente recebido pelo seu amigo
animal. Nessa tarde, os discípulos de Jesus que se juntaram no referido jardim
para orar, depararam-se com um caminho de esporas floridas e no centro de cada
botão em flor estava a imagem da Lebre como uma recordação e uma homenagem à
paciência e à esperança demonstradas por tão dedicada e crente criatura.
A expressão portuguesa Páscoa vem do hebreu pesach, nome da festividade judia
da Primavera que tem lugar no 7º mês do calendário hebraico e em que é que
celebrado o êxodo dos Israelitas do Egito. O festival dura 8 dias e foi durante
esta festa dos Judeus que Jesus, o Judeu, foi crucificado.
Adaptações
Cristãs
A Páscoa, como quase todas as festividades religiosas cristãs, é enriquecida
com inúmeras características, costumes e tradições pagãs. As adaptações criaram
algumas características específicas tais como o hábito de usar um pequeno ramo
no domingo anterior ao Domingo de Páscoa, que ficou conhecido como o Domingo de
Ramos. Os ovos naturais foram substituídos por ovos de açúcar ou chocolate e
pouco se vê, hoje em dia, o “ninho” original que era confeccionado com ervas e
ovos de aves. Outro costume era o de tomar um banho ritualístico na
quinta-feira - que passou a ser apenas uma cerimônia de lava-pés.
Sexta Feira Santa e sábado de aleluia
A sexta-feira santa era o dia que representava o sacrifício da Deusa, que se
ausentaria deste mundo e iria para o mundo dos espíritos, de onde retornaria no
terceiro dia e anunciaria a fertilidade dos campos. Em tempos remotos, neste
dia, o sangue de um carneiro (ou outro animal) era espalhado pelo solo em
sacrifício e homenagem à Deusa. Esse dia ficou conhecido como o dia em que
Jesus "desceu à Mansão dos Mortos..."e de onde retornaria no terceiro
dia, ascendendo aos céus e se colocaria sentado à direita do Pai Eterno
Esse
sacrifício simbolizaria que a luz vencera as trevas, tornando o amanhecer do Domingo
de Páscoa um momento de culto ao sol. Esta é a origem, hoje em dia, das
cerimônias cristãs matinais do Domingo de Páscoa. Em países árabes, os cristãos
fizeram do Sábado de Aleluia, o Dia da Luz.
Calendário ocidental
Até hoje, o domingo de Páscoa é determinada pelo sistema do calendário lunar,
que estabelece o dia santo no primeiro domingo após a primeira lua cheia, ou
após o equinócio da primavera. (Formalmente isso marca a fase de “gravidez” da
Deusa, atravessando a estação fértil).