O carnaval
realizado no Brasil é a maior festa popular do mundo. Grande parte dos foliões
brasileiros, no entanto, não conhece as origens e as implicações dessa festa.
Para surpresa de muitos, o carnaval é anterior a era cristã. No Egito, na
Grécia e em Roma, pessoas de diversas classes sociais se reuniam em praça
pública com máscaras e enfeites para desfilarem, beberem vinho, dançarem,
cantarem e se entregarem as mais diversas libertinagens.
O carnaval
era uma prática religiosa ligada à fertilidade do solo. Era uma espécie de
culto agrário em que os foliões comemoravam a boa colheita, o retorno da
primavera e a benevolência dos deuses. No Egito, os rituais eram oferecidos ao
deus Osíris, por ocasião do recuo das águas do rio Nilo. Na Grécia, Dionísio,
deus do vinho e da loucura, era o centro de todas as homenagens, ao lado de
Momo, deus da zombaria. Em Roma, várias entidades mitológicas eram adoradas,
desde Júpiter até Saturno e Baco.
Na Roma
antiga, escolhia-se o homem mais obeso da cidade – simbolizando a fartura, o
excesso e a extravagância – para representar o deus Momo no carnaval, ocasião
em que era coroado rei. Durante os três dias da festividade, ele era tratado
como a mais alta autoridade local, sendo o anfitrião de toda a orgia. Encerrada
as comemorações, o “Rei Momo” era sacrificado no altar de Saturno.
Com a
supremacia do cristianismo a partir do século IV de nossa era, várias tradições
pagãs foram combatidas. No entanto, a adesão em massa de não-convertidos ao
cristianismo, dificultou a repressão completa. A Igreja foi forçada a consentir
com a prática de certos costumes pagãos, muitos dos quais, cristianizados para
evitar maiores transtornos. O carnaval acabou sendo permitido, o que serviu
como “válvula de escape” diante das exigências impostas durante período da
Quaresma.
Na
Quaresma, todos os cristãos eram convocados a penitências e à abstinência de
carne por 40 dias, da quarta-feira de cinza até as vésperas da páscoa. Para
compensar esse período de suplício, a Igreja medieval fez “vistas grossas” às
três noites de carnaval. Na ocasião, o povo aproveitava para se esbaldar em
comidas, festas, bebidas e prostituições, como na antiguidade.
Na Idade
Média, o carnaval passou a ser chamado de “Festa dos Loucos”, pois o folião
perdia completamente sua identidade cristã e se apegava aos costumes pagãos. Na
“Festa dos Loucos”, tudo passava a ser permitido, todos os constrangimentos
sociais e religiosos eram abolidos. Disfarçados com fantasias que preservavam o
anonimato, os “cristãos não-convertidos” se entregavam a várias
licenciosidades, que eram, geralmente, associadas à veneração aos deuses
pagãos.
Com a
chegada da Idade Moderna e a expansão marítima, o carnaval se espalhou pelo
mundo afora, chegando ao Brasil, ao que tudo indica, no início do século XVII.
Trazido pelos portugueses, o ENTRUDO – nome dado à festa no Brasil – se
transformaria na manifestação que conhecemos hoje.
No período
de carnaval, muitas pessoas acabam expondo tendências de cunho negativo e os
desejos mais ocultos, desrespeitando-se moralmente para satisfazer prazeres
carnais sem limites. Através do alcoolismo, consumos de drogas e libertinagem,
o campo vibratório destas pessoas torna-se propício à atuação dos kiumbas
(espíritos obsessores e zombeteiros). Por esse motivo, nos dias que antecedem
ao carnaval, os umbandistas fazem firmezas aos Guardiões da Lei a fim de fortalecerem-se
contra a ação desses obsessores. Os guardiões têm por função impedir que essas
energias invadam o espaço daqueles que não comungam com tais comportamentos. Os
umbandistas não estão proibidos de brincar o carnaval, mas se faz necessário
que tenham responsabilidade consigo mesmos. Afinal, nosso corpo é o primeiro
templo. Orai e vigiai sempre.
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